ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

103. GRUMIXAMA AMARELA E PRETA

Eu conheci as grumixamas pretas na década de 40, em minha infância no alto da Lapa, em São Paulo. O bairro estava se formando e ainda havia muitos terrenos baldios revestidos com um pouco da antiga mata atlântica. Após as partidas de futebol de rua jogado com bolas de meia, quando batia à fome, a gurizada procurava nos matos próximos algumas amoras de cor verde, ou as grumixamas pretas. Não me lembro de ter visto, naqueles locais, essa variedade amarela.



Elas frutificam na mesma época, em novembro, entretanto é  possível que a preta seja um pouco mais tardia. São diferentes os sabores e me parece que as amarelas são menos adstringentes e mais doces. Mas
 essas qualidades podem ter conotação com o terreno etc.

Aproveitamos o ensejo para fazer uma geléia das grumixamas amarelas, identicamente como já foi explicado na postagem sobre as grumixamas pretas. Ficou bem gelificado o que demonstra a existência de pectina na fruta.


Vale a pena cultivar essa excelente fruta de nossa mata atlântica.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

102. ALCAPARRAS (27)


Após quinze anos de trabalhos, no sentido de adaptar a caparis spinosa (inermis) em clima e terreno do Sul de Minas Gerais, conseguimos selecionar duas plantas originadas das variações obtidas pela multiplicação sexuada.  Com uma dezena de plantas no ano 2000 obtivemos sementes decorrentes da polinização aleatória entre essas plantas. Naturalmente, as alcaparreiras originadas dessa multiplicação sofreram variações mercê do estresse causado pela adequação ao novo terreno e clima. Em decorrência obtivemos uma diversidade de desempenhos. Algumas plantas se desenvolveram mais mofinas, outras com folhas menores ou cujos botões florais se abriam mais cedo, outras ainda, com sistema radicular enfraquecido e que, por isso, sofreu o ataque de fungos e insetos.

Nossa esperança é que aparecesse alguma variação adaptada, mais vigorosa, cuja produção pudesse responder as nossas necessidades e isso aconteceu. Há três anos selecionamos duas plantas às quais chamamos de BR 1 e BR 2  (fotos 443 A  e  441  A)  e a partir daí iniciamos a multiplicá-las utilizando a estaquia de brotações herbáceas. Naturalmente a clonagem utilizando o meristema seria o ideal, mas não tivemos acesso a esses serviços. 



As fotos 447 A  e  446  A, mostram duas estacas da BR  2 com dois anos e meio, muito vigorosas e já produzindo. Abaixo, fotos 449 A, 452  A e 453  A  são de estacas, também da matriz BR  2, com um ano e meio, vigorosas e já produzindo.



Escolhidas essas plantas matrizes, poderíamos utilizá-las para a produção de sementes originadas de polinização cruzada ou auto-fecundação. Entretanto por alguns motivos que fogem ao escopo deste trabalho, é mais aconselhável utilizar clones das plantas madre.


Na postagem anterior apresentamos alcaparras compradas em um supermercado Italiano, conservadas no sal. O objetivo foi comparar paladar e cheiro com as que produzimos no sítio São Camilo para averiguar se a diferença de clima e terreno poderia alterar aroma e sabor. Submetemos a apreciação de algumas pessoas familiarizadas com o condimento e as alcaparras produzidas aqui superaram às provenientes da Itália. Penso que seja por que são mais frescas. O objetivo foi atingido, agora temos que difundir a cultura para que as pequenas propriedades familiares possam suprir o consumo brasileiro, que é bastante significativo, e com isso também aumentar sua renda viabilizando a sua vida no campo.  10/10/2015.


101. ALCAPARRAS (26)




As duas embalagens com alcaparras e sal foram compradas nos supermercados COOP, na Itália e custam em torno de 2,50 euros, isto é, descontado o sal, em torno de R$170,00 o kg. (set. 2015). As alcaparras Ponti são marroquinas, as La Palma são confeccionadas em Nápoles e não indicam a origem, mas provavelmente são italianas.

As alcaparras conservadas somente no sal, - entre 25% e 35% de sal - em geral custam mais caras do que aquelas conservadas em água de vinagre. Um dos motivos é porque as conservadas somente no sal não tem seu peso adicionado da água, isto é, são mais enxutas. A alcaparra conservada na água de vinagre tem seu peso adicionado da água que ela contem.

Poderíamos perguntar por que a Itália, produtora de excelentes alcaparras (Pantelleria) importa e vende alcaparras marroquinas. Ocorre que a produção de alcaparras, alem do clima e solo, requer muita mão de obra. A coleta dos botões florais não pode ser automatizada, tem que ser feita a mão e, durante a época da colheita, quase todo dia. Um trabalhador italiano (ou extra comunitário, sem documentação) não ganha menos do que 25 euros por dia de trabalho, o que torna a produção de alcaparras na Itália muito mais cara do que a do Marrocos, onde a mão de obra é  muito mais barata.

A viabilidade da produção de alcaparras italiana tem sentido quando feita por pequenos proprietários muitas vezes sem intervenção de empregados. Esses produtores se reúnem em cooperativas e com isso podem conseguir viabilizar a produção e venda do produto.

Seguindo o mesmo raciocínio, o cultivo de alcaparras no Brasil deve ser entendido como uma solução para as pequenas propriedades onde o produtor rural e sua família cuidam, recolhem e eventualmente tratam as alcaparras. Para o tratamento dos botões florais e sua comercialização poderão se constituir em cooperativas como existem em Pantelleria na Italia.

Por esse motivo sempre temos defendido a tese de que no Brasil a produção de alcaparras deve visar às pequenas propriedades, eventualmente no nordeste brasileiro. Sem dúvida o lucro originado dessa produção poderia representar uma ajuda importante para manter o sertanejo no campo. Com a palavra os órgãos governamentais de suporte aos agricultores de nosso país.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

100. CORIMBIA (CITRIODORA)


A Corímbia Citriodora tem um crescimento mais lento que os eucaliptos e uma densidade maior chegando aos 900 quilos por metro cúbico. Seu cerne varia em tons de marrom, assemelhando-se ao jacarandá que vegeta no sul de Minas Gerais. É, portanto, uma madeira que poderá ser interessante para a movelaria, mas principalmente para esquadrias e execução de telhados. A amostra da foto acima é de uma árvore com 25 anos cujo DAP era de 0,70 m. Se houvesse vontade política para incentivar o reflorestamento com essa espécie poderíamos prescindir, a médio prazo, de derrubar árvores nativas na região amazônica que precisam de  duzentos anos para se desenvolver.

A finalidade desta postagem, todavia, é mostrar uma praga que atacou uma Corímbia com mais de 30 anos. Somente uma, felizmente, em um universo de quase duas mil árvores.







Estou procurando um especialista que possa diagnosticar a praga e até mandei uma foto para o Globo Rural.  Por enquanto como observador, posso especular que provavelmente trata-se de o ataque de algum inseto que teria deixado ovos na casca da árvore. Talvez a broca da laranjeira. A lagarta originada dessa postura, porém, ao invés de se aprofundar no ebúrneo ou no cerne do fuste da árvore, preferiu alimentar-se do espaço entre o ebúrneo e a casa colocando em risco a alimentação do vegetal. Esse caso é interessante na medida em que os eucaliptos e, provavelmente as corímbias, eliminando a seiva que se solidifica em contato com o ar, fecha a entrada de ar necessário para a vida das lagartas e assim se defendem do ataque desses insetos.


Espero que alguém especialista na matéria possa se interessar pelo fato.     Junho/2015