ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

sábado, 21 de dezembro de 2013

95. Eucaliptos (urograndis).



Vamos aproveitar as chuvas mais constantes deste inicio de verão para plantar mais 4000 mudas de eucaliptos Urograndis GG 100 que, de acordo com nosso fornecedor das mudas clonadas, tem sua indicação para usos gerais e em especial para serraria.
A foto 8076 mostra o terreno onde serão plantadas as mudas. Trata-se de terreno que há mais de 20 anos foi semeado com baquearia e tem servido de pasto durante todo esse tempo sem cuidados especiais. Devido ter sido pisado e repisado pelo gado tornou-se um solo endurecido onde, também por causa a declividade, penetra pouca água das chuvas.
Decidimos plantar utilizando um espaçamento de 3x2 metros, e para facilitar o plantio passamos o trator com aiveca a cada 3 metros seguindo aproximadamente as curvas de nível. A idéia é plantar sobre a leira de terra fofa acumulada a cada 2 metros, o que nem sempre é possível porque não é fácil para o tratorista fazer uma curva de nível perfeita devido ao movimento do terreno.  Nessas condições, para que a plantação fique  alinhada utilizamos estacas de bambu para marcar o local das covas e corrigir se for preciso.
As covas e imediações serão calcariadas a lanço por ocasião da colocação da muda na cova. O adubo recomendado é o 6-30-6, colocado na cova mantendo distancia das raízes. Como não estamos usando nenhuma substancia para manter o solo úmido, inclusive por causa do custo, permanecemos aguardando as chuvas do verão se tornarem mais constantes no mês de janeiro.  

Após uns 2 meses vamos fazer a cobertura com um adubo 20-0-20 e, possivelmente iremos experimentar este ano usar um adubo foliar seguinte: Phosca, boro e zinco, diluído em água para pulverização.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

94. GELÉIA DE GRUMIXAMA ( eugenia brasiliensis).



A origem do nome grumixama, segundo o vocabulário Tupi-Guarani, do Silveira Bueno, provém de “guamichã”, o que pega na língua. Na verdade a fruta quando madura não é muito adstringente, ao contrario, é bastante palatável. Note-se que hoje, em palavras com origem tupi-guarani troca-se o ch por x, portanto guamixã.

A Eugenia Brasiliensis é uma árvore mirtácea de porte pequeno a médio que se distribui por toda a mata atlântica. É altamente produtiva e às vezes produz duas floradas por ano. O motivo de ser ainda escassamente cultivada deve-se a pouca polpa e também a película da casca um pouco grossa, naturalmente qualidades que poderão ser melhoradas.


Presta-se para confecção de geléia como se vê na foto 8046, muitíssimo fácil de fazer. Colocar 600g de frutas com pouquíssima água e deixar esquentar. Antes de levantar a fervura retirar do fogo e através de uma peneira ou de um espremedor de batatas retirar o que for possível da polpa. Descartar as cascas e os caroços. Levar ao fogo com uma xícara de açúcar cristal e o suco de meio limão. Reduzir para um terço. Está pronta a geléia com gosto inusitado de Grumixama.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

93. Grumixama, Lichia e Alcaparras



















A velocidade do tempo que passa é diretamente proporcional à idade que temos. Já estamos batendo à porta do Natal de 2013. Nesta época, nossa ascendência européia nos faz pensar em nozes, avelãs, castanhas e amêndoas, sementes oleaginosas próprias para se comer durante o inverno, às vezes rigoroso, no velho mundo. No Brasil o inicio do verão tem se caracterizado por temperaturas acima dos 30 graus centigrados, tornando totalmente impróprio o consumo exagerado de sementes ou frutas secas. Nós temos um sem número de frutas tropicais com excelente qualidade e preços razoáveis mas, ainda seguindo a tradição, procuramos por cerejas cujo preço atinge soma estratosférica. Pergunto: por que não desenvolvemos a nossa cereja genuinamente brasileira, natural da mata atlântica, a grumixama?  Vejam na foto 8040 o tamanho e a qualidade dessa fruta ainda desconhecida dos brasileiros. Ela ainda tem uma casca um pouco grossa e pouca polpa se compararmos às cerejas. Ocorre que precisam ser desenvolvidas e melhoradas. As cerejas em sua origem também não eram como agora se apresentam. Vai aí um recado à Embrapa. Que tal trabalhar acreditando nessa nossa fruta?

Este ano não colherei lichias no natal. Na foto 8042 vemos o anverso das folhas da planta todo tomado por um provável fungo parecido com a camurça que ataca galhos das cítricas. O fungo deforma as folhas e ataca também os frutos. Como as árvores são muito grandes a pulverização se torna um tanto trabalhosa. Estou estudando uma solução. Se algum seguidor souber como eliminar a praga, por favor, entre em contacto.

Este é um blogue que, em sua essência, trata do assunto alcaparras.  Temos visto como é difícil fazer germinar as sementes, mas principalmente, uma vez germinadas, conseguir que as plântulas vinguem. Pois bem, lavamos as caixas que usamos para semear alcaparras e as sementes que não germinaram (em um ou dois anos), as vezes caem ao chão juntamente com a água da lavagem e escorre pelo cimentado, em geral mantido seco  Três sementes que pararam em uma nesga de terra de uma rachadura do cimentado ali nasceram e estão se desenvolvendo! Essa é uma prova insofismável que as alcaparreiras poderão se tornar plantas invasoras em nosso país, em locais de pouca umidade e baixo índice pluviométrico, isto é, em um clima semi-árido. Não sei o que as entidades governamentais estão esperando para introduzir alcaparreiras em nosso nordeste, tanto para deixarmos de importar como para fixar o sertanejo no campo. A bolsa “qualquer coisa” não é solução sustentável muito menos ética ou moral. O sertanejo precisa de apoio para trabalhar e ganhar e, certamente, a alcaparreira poderia ajudá-lo.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

92. ALCAPARRAS (24)

   FOTO 1                                                                                                FOTO 2     

   FOTO 3                                                                                                      FOTO 4

Em 2010 participei da Bienal do Livro de São Paulo onde apresentei dois livros e um deles é o que aparece na figura nº 2. Na ocasião tive contacto com um estudante de agronomia que estava chegando de Portugal e trazia a idéia de pesquisar e escrever sobre alcaparreiras. Naquele burburinho, que sempre sucede nesses eventos, conversamos um pouco sobre a matéria e não mais tive contacto com a pessoa. Comentei, na ocasião, que Portugal, no caso o Algarve, seria um lugar apropriado para o desenvolvimento do arbusto em questão.

Neste ano de 2013 recebi um precioso e-mail de Alexandra Abreu F. Lima, bióloga e investigadora do INIAV, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, de Oeiras, Portugal.  Disse-me ela que estava a pesquisar uma cultura alternativa para a utilização de terrenos semi-áridos existentes em Portugal e que a subutilizada cultura da alcaparreira poderia se tornar uma das soluções viáveis para o aproveitamento de terrenos pobres e secos. Para essa pesquisa havia utilizado meu livro editado em 2009.

É evidente que fiquei muito satisfeito por meu despretensioso opúsculo ter chegado à Europa e contribuído para difundir o cultivo de alcaparreiras, principalmente em Portugal, a segunda pátria dos brasileiros. Recebi da Alexandra o pôster da foto nº 1, e também fiquei sabendo que, provavelmente, existem somente dois livros sobre o cultivo de alcaparras no idioma português. Um editado em 1943, fotos 3 e 4, e o meu de 2009.

Agradeço a Alexandra por me haver enviado, em PDF, o estudo de J. Mira Galvão que em 1943, em plena segunda guerra mundial, fez editar o precioso livro cuja leitura para mim assemelhou-se a um trabalho de arqueologia. Entretanto é um livro atual e, vejam, naquela época aconselhou a utilizar a região do Algarve para cultivar o condimento, exatamente o que sempre acreditei como solução.

91. NOZ MACADÂMIA (2)

   

A natureza tem, nesses milhões de anos, fixado os representantes vegetais em locais de clima e solo que lhe são favoráveis, onde desenvolvem defesas contra predadores ou apreendem a viver em simbiose. Nós, homens, somos incansáveis em transplantar flora e fauna de um lugar para outro para nossa satisfação ou lucro. Decorrente desse transplante muitas vezes temos que ajudar o vegetal recém mudado em sua luta para combater seus novos predadores para os quais ainda não têm defesas.  

A macadâmia vegeta na Austrália, sua terra natal, saudável e produtiva. A permanência naquelas plagas por milhares de anos possibilitou sua adaptação aos predadores tais como fungos ou insetos. A adaptação dessa árvore no Brasil, ou melhor, no Sul de Minas Gerais, não tem sido muito fácil, mas vale a pena a tentativa porque seu fruto, uma nós de casca muito dura, tem uma semente comestível saborosa.

Em outra postagem narrei a luta para vencer o ataque da abelha Arapuá (abelha de cachorro, trigona ruficus), que continua atacando e enfraquecendo a árvore. Na foto 7814 se pode observar a árvore mofina com muitas folhas atacadas pela abelha arapuá. Na foto 7816 a seta amarela mostra o fruto redondo. As flechas vermelhas indicam um novo predador, que se pode ver melhor na foto 7818. Trata-se de um fungo conhecido por camurça e que ataca também as cítricas. Esse fungo tem o aspecto e a cor da camurça, daí o nome popular. Ele se espalha rapidamente pelos galhos mais finos e caso não seja combatido colocará em risco primeiro os galhos finos e depois toda a planta.


O combate deve ser feito sobre o fungo com pulverizações de enxofre pó molhável.

terça-feira, 16 de julho de 2013

90. ALCAPARRAS (23) (MULTIPLICAÇÃO)



Quando iniciei a dificil tentativa de multiplicar as alcaparreiras em nosso clima e solo, desde logo encontrei a barreira que me pareceu intransponivel, de fazer germinar as sementes e conseguir que a plântula prosperasse em seu crescimento. Para isso distribui sementes para que alguns amigos me ajudassem nessa tentativa. Ao que eu saiba foram tentativas frustadas. Por essa razão após a desilusão de várias tentativas de multiplicação sexuada resolvi que a única solução poderia ser a multiplicação assexuada, isto é, através da divisão celular.

Esse método, já usado há muito tempo para orquídeas e outros vegetais, teria a vantagem da economia de tempo, uma vez que em um laboratório apropriado se poderia fazer milhares de clones, possibilitando um plantio comercial em prazo curto. Nesse sentido procurei nos organismos públicos e privados alguem que se interessasse numa parceria para resolver o problema. Não encontrei ninguém.

Nesse meio tempo visitei a cidade de Santiago del Estero, na Argentina, onde um médico, Dr. Angel Rico e seu filho, já haviam implantado um pequeno laboratorio e estavam produzindo plantulas assexuadas e fornecendo a agricultores locais e tambem exportando, tudo isso com pouco ou nenhum apoio oficial.

Para não desistir totalmente da empreitada e na desesperança de qualquer ajuda oficial para a realização da multiplicação assexuada, experimentei forçar a germinação utilizando perlita e caixas fechadas de plástico como se vê nas fotos, conforme já relatado em outra postagem. A experiencia resultou e, vencida essa etapa, resta cuidar para que as plantas vegetem saudaveis e cresçam.


Dessa singela história poderemos tirar algum ensinamento, ainda que seja somente especulação, baseado na genética da evolução. A alcaprreira vegeta há milenios em um clima semiárido e solo calcáreo vulcânico. É transportada para uma região tropical, portanto mais húmida e com terras ácidas. No jargão dos evolucionistas, a planta ficará estressada e portanto predisposta a sofrer mutações e variações no sentido de se adaptar ao novo ambiente. Notar que se utilizarmos somente clones de plantas ainda não aclimatadas esse fato não ocorre submetendo o vegetal ao ataque de fungos e insetos contra os quais ele ainda não tem defesa. Utilizando sementes ocorrerão mutações e variações em beneficio da planta. Acredito que a genética evolucionista deva aconselhar que essas aclimações sejam feitas sempre utilizando a multiplicação sexuada.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

89. ALCAPARRAS (22)


Por que cobrir? 
Quando se percorre a Ligúria, na Itália, ou o que se poderia chamar de Alpes Marítimos Italianos, no entorno de Ventimiglia e adiante, nota-se, nas encostas íngremes dos contrafortes dos Alpes, muitas “estufas” com armações de ferro e cobertas de vidro que, às vezes, são caiadas ou pintadas de branco. São proteções contra os ventos e baixas temperaturas necessárias para o cultivo de hortaliças e outros vegetais. Constituem-se em construções antigas, de custo elevado, quando ainda não se dispunha dos plásticos transparentes modernos a prova de URV.

Nos países frios, onde o inverno rigoroso pode trazer neve abundante, torna-se evidente a necessidade de proteger as culturas que, de outro modo, pereceriam ou estariam em hibernação. Porque, então, proteger os vegetais em latitudes onde o clima impõe temperaturas amenas? Existe uma carrada de razões, se não vejamos:
  1. Chuvas em abundancia, cuja umidade facilita o aparecimento de fungos, como o fusário e outros fungos.
  2.  Queda de granizo, que poderá ocasionar a perda total da produção da horta e inutilizar ou ocasionar a perda de qualidade dos frutos.
  3.  Insolação em excesso, que poderá “queimar” as verduras de folhas.
  4. Em plantações não protegidas a infestação de insetos será sempre mais facilitada.

Outras razões ainda existem, entretanto o que foi dito, nos basta para embasar o argumento da necessidade de cultivar certos vegetais em condições de monitoramento de temperatura e umidade. É evidente que, por enquanto, não existem condições de aplicar essa sistemática em plantações muito extensas como roças de milho, soja e quejandos, mas dia virá que também isso será realizado.

Há mais de dez anos, quando iniciei o cultivo das alcaparreiras, providenciei a cobertura das plantas porque em seu local de origem esses vegetais estão adaptados em um regime de chuvas, próprio de clima semi-árido, com invernos frios e secos e verões com chuvas parcimoniosas.
Essa solução mostrou-se, através dos tempos, apropriada uma vez que não tivemos nesses mais do que 13 anos nenhum ataque fúngico como ocorreu no Uruguai com essa cultura. Como se sabe a umidade que permanece nas folhas do vegeta,l por muito tempo, pode vir a facilitar o aparecimento e desenvolvimento de fungos que, muitas vezes, atraem insetos e essa dicotomia  é prejudicial ao desenvolvimento do vegetal chegando a inviabilizar totalmente a produção. Note que no caso das alcaparreiras não se deve aplicar inseticidas e nem fungicidas, não permitidos pela boa técnica, durante a produção dos botões florais.

Por todos esses motivos meu amigo e consultor técnico, eng. Rodrigo Veraldi, que tem a primazia como  produtor de vinhos de qualidade na Serra de Campos do Jordão, adotou a cobertura de suas videiras, tanto para protegê-las da umidade excessiva como também dos pássaros vorazes.


Para finalizar vejam, nas fotos acima, uma maneira bastante barata de construir essa cobertura. O plástico poderá ser de espessura 100 ou 150 micra e com proteção URV. Os apoios foram construídos com um moirão de cerca comum, onde foi encaixado e pregado em sua extremidade superior um pedaço de caibro. O arco, que suporta o plástico, foi feito com ferro de construção 3/8’, coberto com um tubo preto de pvc de ½’ .  Um conjunto de dois apoios é suficiente para até 10m de extensão. O plástico deverá ser amarrado conforme mostra a foto C774.

domingo, 28 de abril de 2013

88. ALCAPARRAS (21)



Toda espécie vegetal tem sua própria necessidade de umidade, moldada pela vida evolutiva de milhares de anos de adaptação em certos climas e terrenos. Assim acontece com a alcaparreira, originária do clima semi-árido mediterrâneo  com ancestralidade nos terrenos altos da Ásia. Por esse motivo devemos estar atentos ao cultivar essa planta em climas com elevados índices pluviométricos. Entretanto, não é somente o encharcamento do solo que poderá prejudicar as raízes do vegetal, o motivo de nossa preocupação com a umidade excessiva. É, também e principalmente, a umidade constante na parte aérea ou seja, folhas e caules, que facilitará o aparecimento de doenças fúngicas como o "fusarium".

Desde que plantamos as primeiras  mudas de alcaparreiras em Brazópolis, MG, em torno do ano 2000, providenciamos uma cobertura para que as chuvas excessivas da primavera/verão, não facilitassem doenças e também não tornassem o solo demasiadamente encharcado. Mas esse procedimento, naturalmente, impediu uma irrigação via pluvial, mínima que fosse, aos vegetais. Tivemos então que, de tempos em tempos, aportar água, naturalmente sem obedecer a um estudo mais aprofundado das quantidades necessárias de umidade. Ainda que as raízes profundas da alcaparreira pudessem buscar a necessária umidade em terras mais fundas, as radículas superficiais permaneciam a maior parte do tempo secas.

Para resolver essa problema fizemos neste ano de 2013 um dispositivo de irrigação por gotejamento bastante simples que permitirá aportas água às plantas sem que a parte aérea fique umedecida. A foto 7991 mostra o reservatório de água. Eventualmente na água poder-se-a adicionar nutrientes que alcançarão as plantas. A rede de água foi executada com tubos pretos de ½ polegada.  Os furos, praticados com uma ferramente muito fina (como uma agulha), foram feitos nas laterais para que fosse um pouco mais difícil de entupir. Sobre o furo foi colocado pedaços do próprio tubo como se pode ver na foto 7596. A foto 7595 mostra uma visão geral.  Acredito que esse sistema poderá melhorar a produção e tornar as plantas mais vivazes e resistentes a doenças.


quarta-feira, 6 de março de 2013

87. EVOLUÇÃO COMPORTAMENTAL



A ânsia para chegar a um ignorado objetivo leva as espécies vegetais e animais buscarem infinitos artifícios para se perpetuar neste nosso planeta, ainda parcamente conhecido. Assim são os homens que buscam o Poder e praticam o nepotismo para perpetuar sua genética. São assim também as borboletas, para conseguir igual propósito.

Esses lindos e interessantes lepidópteros ropalóceros, como se sabe, colocam seus ovos nas folhas dos vegetais para que, ao eclodirem, as pequenas lagartas tenham alimento à disposição. Incansáveis voadores procuram, em cada região,  os vegetais que melhor possam alimentar sua prole. Muitas vezes escolhem determinada planta e passam a colocar seus ovos somente nelas e assim deveria ser o caso da borboleta que se vê na foto 3022 acima, antes do aparecimento da exótica alcaparreira.

Em torno do ano 2000 eu introduzi alcaparreiras no Sul de Minas Gerais fazendo um pequeno canteiro experimental. Era, portanto, uma planta até antão inexistente na região, inicialmente livre de predadores que não tardariam em descobrir a nova espécie. As formigas já eram esperadas, pois, também nos locais de origem, incomodam esse vegetal. Em seguida apareceram as borboletas (foto 3022) que passaram a depositar seus ovos no anverso das pequenas folhas da planta. É certo que o citado lepidóptero, existente na região há centenas (talvez milhares) de anos, já deveria ter escolhido seu vegetal onde costumeiramente colocava seus ovos, mas com o aparecimento da nova espécie, todavia, mudou sua conduta centenária.   

Essa mudança de comportamento envolve uma decisão difícil e extremamente perigosa para a sobrevivência da espécie que a comete. É necessário que a borboleta saiba que a nova espécie não é, de nenhuma forma, venenosa para suas lagartas. Como consegue saber? Essa mudança de comportamento seria produto de uma variação ou mutação genética daqueles lepidópteros?  Ou, mais simplesmente, a borboleta tem condições (intelectuais) de discernir quais vegetais são apropriados para a deposição de seus ovos. Estas são perguntas para os geneticistas evolucionistas, mas não é o meu argumento principal.

Fato interessante e inusitado deu-se na seqüência de nosso ingente esforço em eliminar todas as investidas da borboleta no sentido de fazer das alcaparreiras o berçário de suas crias. Durante mais de cinco anos todos os ovos depositados nas folhas do vegetal foram sistematicamente eliminados, de maneira a inviabilizar a procriação do lepidóptero, portanto colocando em risco a espécie. No ano de 2011/12 as borboletas abandonaram as alcaparreiras. A foto 3022 mostra a borboleta durante a postura que ocorria costumeiramente até 2011. A foto 5687 revela a alcaparreira livre das visitas indesejáveis do lepidóptero.

Não posso acreditar que entre elas correu a história, transmitida através de suas antenas, de que o agricultor daquelas saborosas plantas era mau e esmagava seus ovos e lagartas, portanto, era melhor que procurassem outro local para botar seus ovos.  Se fosse uma variedade, talvez tenha se extinguido por falta de seqüencia, mercê da seleção natural. De qualquer forma é um fato inusitado que poderia contribuir para o entendimento da evolução comportamental, inclusive daquela que nós, humanos, estamos submetidos.


sábado, 9 de fevereiro de 2013

86. ALCAPARRAS (20)




R$ 36,00 + FRETE
R$ 28,00 + FRETE























Tenho recebido muitos e-mails de pessoas interessadas em comprar mudas de alcaparreiras. Espero ter respondido a todos individualmente, entretanto aproveito este ensejo para melhor esclarecer o assunto.
Durante muito tempo procurei quem pudesse se interessar pela multiplicação assexuada do vegetal, isto é, a fabricação de clones das plantas mais produtivas através de divisão do meristema. Não consegui. Voltei minha atenção, novamente, para a germinação das sementes que sempre se mostrou uma solução difícil porque além de ter um percentual muito baixo de germinação, as plântulas que se obtém são muito sensiveis e perecem após alguns dias.
Com o já foi dito em postagens precedentes, finalmente consegui um método que, se não é ainda o ideal, é factivel e, se utilizado em grande escala, poderá resolver, definitivamente, o problema de multiplicação das alcaparreiras para o estabelecimento de uma plantação comercial.
A sistemática, já descrita em outra postagem, consta da foto 7488 acima. O substrato usado no caso é perlita, mas creio que se poderá experimentar a vermiculita ou mesmo areia de rio lavada e tornada asséptica. Após colocar o substrato semeia-se recobrindo com mais ou menos dois mm do mesmo material. Regar o todo de maneira que fique dois ou três mm de água no fundo da bandeija, após o que, coloca-se a tampa. O conjunto deve receber sol através de uma cobertura de sombrite a 50%. É evidente que qualquer outra experiência pode e deve ser feita o que, às vezes, pode se mostrar até uma solução melhor.
A germinação deverá acontecer em sessenta dias, mas poderá demorar mais tempo dependendo do clima e da época da semeadura. Eu tenho semeado de julho a dezembro.
Relativamente aos pedidos de mudas, esclareço que aquelas que tenho conseguido estão servindo para aumentar minha plantação. Não conheço ninguém, no Brasil, que possa fornecer esse material. Na America do sul somente existe um fornecedor de clones na Argentina, em Santiago del Estero, todavia sugiro que contatem a empresa “Tierra del Sol”, em Canelones, Uruguai, antes de fazer qualquer negócio uma vez que eles foram os primeiros a importar tais mudas da Argentina e devem saber se o negócio funciona.
Os pedidos de sementes fica resolvido da seguinte maneira: a bem dizer, não posso vender sementes, todavia posso fornecer, gratuitamente, a quem comprar qualquer dos dois livros sobre alcaparras anunciados no blog. Cada livro será acompanhado de 30 sementes idênticas as que tenho utilizado nas minhas experiências. Acredito que se fossem vendidas, tais sementes custariam mais do que o valor dos livros. Os livros deverão ser vendidos através do blog.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

85. ALCAPARRAS (19)




Sem ajuda oficial continuo a pesquisar uma maneira econômica de multiplicar a planta, pois essa fase constitui o gargalo que tem impedido o estabelecimento de plantações comerciais aqui no Brasil. A solução seria, como já cansei de afirmar, a reprodução via divisão celular. É bem verdade que o estabelecimento de uma lavoura constituída somente de clones, poderá ser mais suscetível à doenças como ocorreu nos cultivos estabelecidos em Canelones, Uruguai, originados de multiplicação meristemática de exemplares Argentinos de Santiago del Estero.
Aquela plantação foi severamente agredida pelo fusarium, fungo de difícil controle por fungicidas existentes, que chega a matar a planta atacada. Além da tentativa moderna do controle biológico da praga, a solução mais prática seria o desenvolvimento de variedades resistentes, realizado através da reprodução sexuada. 
De acordo com postagens anteriores, finalmente conseguimos uma ótima taxa de germinação de nossas sementes produzidas por alcaparreiras já aclimatadas. Entretanto o transplante do canteiro de perlita para um substrato tem sido igualmente difícil e muitas plântulas não sobreviveram, ocorrendo a murcha das pequenas folhas e seca da raiz insipiente. Obtivemos, todavia, um melhor resultado fazendo esse transplante ainda quando a plântula estava sendo alimentada pela semente e diretamente para um pequeno vaso de plástico, foto 3, preenchido com terra de horta e esterco de curral, portanto uma tecnologia ancestral. Dessa maneira obtivemos 100% de pegamento! 
A foto nº1 mostra alcaparreiras com um ano em vasos, prontas para serem levadas para o campo. Na foto nº 2  vemos a maternidade – caixa plástica com perlita – onde germinam as sementes, naturalmente onde também nascem algas verdes, infelizmente. O transplante para tubetes, como mostra a foto, não se mostrou produtiva e estamos abandonando a solução. 
É interessante observar que apesar de estarmos utilizando somente uma cultivar de alcaparreiras, as mudas produzidas por via sexuada mostram diferenças bastante importantes, produto, talvez de mutações.