ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

81. ALCAPARRAS (17)



Eu tenho alcaparreiras produzindo há mais de 10 anos e a produção, por planta, é aquela esperada e que consta no livro “O cultivo de alcaparreiras”. Contudo, a ampliação da cultura para que a colheita possa representar um bem econômico tem sido freada pela dificuldade de multiplicação do vegetal. Como já foi largamente explicado nos textos anteriores,  a multiplicação sexuada (através de sementes) tem desanimado muita gente interessada no cultivo desse condimento e com razão. O percentual de germinação é baixíssimo e as poucas plantinhas que nascem precisam de muitos cuidados nos primeiros meses. 
Bem, tudo isso já era do conhecimento geral e a solução seria a multiplicação celular por divisão meristemática, técnica existente há muitos anos mas fora do alcance do pequeno produtor. Não é que seja uma técnica muito sofisticada, pelo contrário. Há necessidade de um local asséptico e alguns equipamentos próprios para a divisão do meristema da planta, que deve ser escolhida pela sua sanidade e produção.  Na Argentina, em Santiago del Estero, um médico, proprietário de uma pequena propriedade, investiu, talves uns 20.000 dólares, e já está produzindo e exportando mudas para America Latina. Lá ele não conseguiu um apoio governamental. Aqui no Brasil, apesar de eu ter mandado meu livro para a Embrapa e secretários de agricultura e outros órgãos, não tive, sequer, uma resposta de muito obrigado. Meu contato com unidades de desenvolvimento de agricultura de excelência, também não resultou, devido a falta de objetividade das pessoas envolvidas que não entenderam que servidor público está sendo pago para servir o Brasil e não para servir-se dele. Ultimamente recebi um telefonema de um professor de uma universidade se dizendo interessado no assunto. Coloquei-me a disposição e a conversa morreu aí. Como a classe estava em greve, julguei que esse fosse o motivo da ausência de uma delicada resposta. 
Na falta de apoio dos orgãos pagos por todos brasileiros para desenvolver nossa agricultura, estou continuando, sozinho, a pesquisar meios de fazer germinar, a contento, as sementes de  alcaparreiras e, creio, obtive uma sensível melhora no percentual de germinação com o procedimento seguinte: Na foto 1 vemos um recipiente plástico com tampa hermética. Preenchemos até a metade com perlita, produto de origem vulcânica asséptico e com  propriedades de reter umidade. (talves possa ser usado vermiculita). Sobre esse substrato coloquei sementes de alcaparreiras, reguei de maneira que alguma água restasse no fundo do recipiente, após foi colocada tampa hermética. O conjunto foi colocado em um local coberto com material transparente onde a caixa recebe bastante insolação. O conjunto funciona mais ou menos assim: Durante o dia a caixa se aquece e a água evapora e se deposita na tampa formando gotículas. Quando as gotículas se avolumam caem sobre as sementes umidecendo-as. Enfim, calor, umidade e ambiente asséptico. 
A semeadura foi feita no mês de julho e foi utilizada a técnica de manter as sementes na geladeira por 30 dias antes de semeá-las. Na foto 2 vemos a eclosão das primeiras sementes quando foi feita a foto. Hoje são muitas e já apresentam as primeiras folhinhas. Naturalmente há necessidade de seguir e finalizar a experiência que me parece bastante promissora.